terça-feira, 11 de outubro de 2011

Too big to fail (Grande demais para quebrar)

Tem pinta de documentário pra quem vê a sinopse, ou qualquer comentário sobre o filme, mas é um filme mesmo. Claro, qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Pra quem nunca ouviu falar disso, este longa retrata alguns momentos que pessoas poderosas passaram durante a grande crise financeira do segundo semestre de 2008, nos EUA, que acabou gerando ecos no resto do mundo, e ainda vem os suas consequências.


Sobre o roteiro: A história nos leva a ver como alguns personagens importantes para o panorama global do período tivesse sido como foi. Com mais enfâse no Secretário do Tesouro do governo Bush, e no CEO do Lehman Brothers, à época o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, e que veio a quebrar. O roteiro pressupõe que o expectador já está antenado e informado do que gerou a situação calamitante que o sistema financeiro enfrentava, embora faça uma rápida leitura dinâmica nos fatos e traga uma versão enxutíssima em poucos segundos para contextualizar o público. Uma vez feito isso, a trama se debruça nos pontos que levaram o Lehman Brothers à bancarrota, apesar dos esforços para que isso não acontecesse. Porém, quando se acreditava que isso era inevitável, o governo simplesmente o deixou afundar de vez, para tentar, assim, salvar outros bancos que corriam o mesmo risco. O que os espertões não pararam para pensar, porém, é que, quebrando um dos maiores bancos do mundo, fatores secundários passam a ter uma relevância MUITO maior. A confiança dos investidores é severamente abalada, ao ver que o governo não garante que os bancos são investimentos seguros, e estes param de investir. O cidadão comum começa a sacar dinheiro. As empresas não tem com o que pagar seus funcionários. A bola de neve vai crescendo de uma vez, os problemas vão causando um efeito dominó de proporções galáticas, e todo o sistema financeiro fica por um fio, pronto para ruir comoum castelo de cartas ao vento.

Mas lamentavelmente, alguém tem uma idéia para uma possível solução: Dar aos principais bancos restantes, além de uma formidável soma de dólares de dinheiro público, poderes semi-divinos sobre a economia. Retiram quase todas as regulamentações em nome de uma melhora no cenário. Há quem diga que essa solução foi apontada na falta de qualquer outra, mas... convenhamos: O sistema já está falido há muito tempo. Só estamos percebendo uma tragédia anunciada agora, que não tem mais como se sustentar. O sistema financeiro já quebrou, e os superpoderes que o tesouro americano atribuiu aos bancos servirão apenas para adiar o inevitável (e arduamente desejado) fim do sistema vigente, mas com o custo de que quanto mais tempo levar para isso acontecer, piores serão as consequências.

O que esse filme tem de especial? Primeiramente, a coragem da HBO de o fazer. O filme enfia uma adaga na ferida das falhas brutais cometidas pela economia controlada (ou cujo controle fora delegado) pelos EUA. Os grandes estúdios de Hollywood jamais passariam perto de um projeto tão audacioso e contundente. Ademais, o filme, embora com um linguajar muito técnico e despejando muita informação de uma vez, é capaz de contextualizar o público mais desinformado sobre o que levou a esta crise. Quem não sabe nada sobre isso, pode usar o filme para começar a entender um pouco de como as coisas funcionam. Claro, não poderia deixar de recomendar aqui que se assistam aos 3 documentários Zeitgeist, dos quais vivo falando por aqui, e que, embora não sejam diretamente sobre economia, envolvem muito o tema.
Do ponto de vista técnico, grandes atuações especialmente de William Hurt, Paul Giamatti e de James Woods, mas não limitadas a eles. O filme traz um grande elenco, tanto de nomes quanto de qualidade.

Quando e com quem assistir a esse filme? Não é um documentário, mas recomendo assistir como se fosse. É um filme extremamente denso, carregado de informação, e difícil de assistir, mas é praticamente obrigatório para quem acha que esse tema é importante. E acho que todos deveriam achar importante.

Ficha técnica

Elenco: William Hurt - Henry Paulson
James Woods - Richard Fuld
Paul Giamatti - Ben Bernanke
Topher Grace - Jim Wilkinson
Edward Asner - Waren Buffett
Billy Crudup - Timothy Geithner
Bill Pullman - Jamie Dimon
Matthew Modine - John Thain
Direção: Curtis Hanson
Produção: Ezra Swerdlow
Roteiro: Peter Gould (baseado no livro de Andrew Ross Sorkin)
Trilha sonora: Marcelo Zarvos
2011 - EUA - 98 minutos - Drama

5 comentários:

Walter Boschini disse...

É um filme realmente encantador e esclarecedor sobre os momentos que trouxeram à tona a maior crise americana, nominada Sub-Prime. Isso ainda vem embalado com a complexa decisão do Administrador Público em meio às eleições Presidenciais e a desconfiança do mercado quando, aquelas decisões, permitiram a quebra do Lehmon Brothers e seus efeitos colaterais. Black Swam e o imponderável aí presentes se materializam de forma inexorável.

Maristela disse...

Genial! Acabei de assistir. Atuações primorosas. Uma parte da história contemporânea que ainda está acontecendo. Complementa as informações de "Inside Job".

Maristela disse...

Genial. Atuação perfeita dos atores. Vale ser visto junto com "Inside Job". Relato da história que ainda estamos vivendo e ainda muita coisa vem por aí. Ótima dica!

Anônimo disse...

Genial. Atuação perfeita dos atores. Vale ser visto junto com "Inside Job". Relato da história que ainda estamos vivendo e ainda muita coisa vem por aí. Ótima dica!

Maristela disse...

Genial! Acabei de assistir. Atuações primorosas. Uma parte da história contemporânea que ainda está acontecendo. Complementa as informações de "Inside Job".