quinta-feira, 27 de outubro de 2011

The Three Musketeers (Os Três Mosqueteiros) (2011)

Não assisti a nenhuma outra versão desse filme, e nunca li o livro. Minha opinião sobre o filme, neste caso, é livre de qualquer influência das outras obras.

Três fatores principais me levaram a querer ver este filme. 1º: Eu sempre quis ver a história que é um dos maiores clássicos da literatura mundial. 2º: Eu sempre quis ver um filme 3D. 3º: Eu sempre vou querer ver um filme que tenha Christoph Waltz.

Sobre o roteiro: Existe um recurso que foi bem interessante em alguns filmes dos últimos 10 a 15 anos, que é pegar um roteiro que se passa alguns séculos atrás e encher de aparatos tecnológicos dentro das capacidades teóricas do período. Ficou legal em Wild Wild West (que era de comédia), The League of Extraordinary Gentlemen, e mais recentemente Sherlock Holmes, só para ficar em alguns exemplos. Porém, com esse crescente número de filmes explorando tão exaustivamente esse recurso, acontece algo peculiar: A idéia de causar a sensação de algo inusitado, ao mostrar tecnologias além do tempo da época em questão, fica clichê, e deixa de ser inusitada. Assim, passa a ser simplesmente absurda demais pra ser aceita. E o excesso de cenas de ação estilo Jet Li também cansa. Tudo bem que são os melhores mosqueteiros da França, mas derrotar guardas bem treinados aos montes, com um ou dois golpes certeiros em cada, lutando contra 40 soldados, e passar metade do filme duelando contra um único espadachim, já evoca aos bobos filmes de artes marciais e suas lutas coreografadas sem graça. Uma vez feitas essas reclamações, voltemos ao roteiro.

Indiscutível que a história é um clássico, e merece tal status. Um ou outro momento da história soam como algo que não sairia da ficção, mas de modo geral, é uma trama complexa e bem-amarrada. Não há como falar mais sem ser spoiler, pois (pelo menos para mim que não conhecia nada dessa história) o filme já começa com um fato revelador demais. A única coisa que deixo aqui é que a forma com que o filme termina, deve haver uma continuação com potencial para ser ainda melhor que o primeiro.

O que este filme tem de especial?  O filme conta com tudo que uma superprodução arrasa-quarteirão tem direito. Ótimo elenco, efeitos especiais primorosos, versão 3D bem interessante (embora eu não tenha achado nada que justificasse o efeito. É bem legal, mas não tem nada no filme que peça pelo efeito), grande trilha sonora e tudo mais. Destaco as atuações dos protagonistas, que são atores de menor peso, mas muito bons de serviço, especialmente Matthew Macfadyen. Milla Jovovich é um espetáculo à parte, e Christoph Waltz, embora sub-aproveitado e pouco explorado como o Cardeal de Richelieu, sempre excelente. Guardo uma boa expectativa para o que ele deve fazer em uma continuação. Orlando Bloom é um grande ator, mas ficou meio canastrão pra mim como vilão. Eu esperava uma atuação melhor dele.

A trilha sonora também é muito legal. Lembrar muito a trilha de Pirates of the Caribbean é, na minha opinião, um elogio, visto que esta é uma das melhores que já vi. Senti que, dada a grandiosidade da produção, ficou faltando um tema musical mais marcante, como no filme citado anteriormente, e outros clássicos como Back to the Future, Star Wars e Edward Scissorhands, por exemplo, mas não faz mal não.

Quando e com quem assistir a esse filme? Fica a sensação que esse filme foi completamente voltado para o público mais jovem, mais preocupado com o visual, efeitos especiais, piadas curtas, romances bobos, e tudo mais, mas menos exigente com complexidade. Então, recomendo o filme para estes. Nos meus poucos 23 anos, me senti velho demais para o estilo. Porém, não é entediante. É divertido e frenético em vários momentos. Merece ser assistido, mas sem pressa, não é um filme que veio para ser um marco do cinema. O filme também é bem light. Sem sangue (o que fica mal, já que morre muita gente, e as espadas continuam limpinhas) sem sexo (o que fica mal, pois sexo nunca é demais, ainda mais com Milla Jovovich em cena), sem críticas (apenas leves insinuações que precisam ser interpretadas por paranóicos para soarem como tal), enfim, um produto de Hollywood, para consumo de massa. É um bom produto, mas ainda um produto.

Ficha técnica

Elenco: Logan Lerman - D'Artagnan
Matthew Macfadyen - Athos
Ray Stevenson - Porthos
Luke Evans - Aramis
Milla Jovovich - Milady de Winter
Christoph Waltz - Cardeal de Richelieu
Orlando Bloom - Duque de Buckingham
Mads Mikkelsen - Conde de Rochefort
Juno Temple - Rainha Ana
Freddie Fox - Rei Luís XIII
Gabriella Wilde - Constance Bonacieux
James Corden - Planchet
Direção: Paul W.S. Anderson
Produção: Paul W.S. Anderson, Jeremy Bolt, Robert Kulzer, Samuel Hadida, Scott Rudin & Stephen Margolis
Roteiro: Andrew Davies & Alex Litvak (baseado na obra de Alexander Dumas)
Trilha sonora: Paul Haslinger
2011 - EUA / Alemanha / França / Inglaterra - 110 minutos - Aventura

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Thor

Na pressa de se fazer logo um filme dos Vingadores, se está fazendo uma enxurrada de filmes de heróis do universo Marvel. Isso poderia ser uma coisa legal, mas parece que colocaram tudo numa linha de produção, e a criatividade ficou em segundo plano. Então, começaram a importar recursos de outros filmes, de outros gêneros, e fizeram uma salada de elementos, onde o personagem-título acaba saindo mais como mais um elemento do que como temática. Nessa leva, saiu Thor, um filme recheado de altos e baixos.

Sobre o roteiro: Começou mal. Toda a interessante mitologia nórdica envolvendo Odin, Thor, entre outras coisas de Asgard foi muito sub-explorada. Tá legal, ia ser realmente difícil contextualizar o espectador sem que isso tomasse um enorme tempo do filme. Eu assisti sabendo que isso dificilmente seria bem-feito, mas dei um voto de confiança. Não fui correspondido. Mas enfim, segue um Thor mais-ou-menos como ele é nos gibis, impetuoso, audacioso, inteligente, arrogante, etc. Em alguns momentos isso soa bem, em outros soa bem forçado, mas de modo geral, funciona. Infelizmente, uma interessante característica ficou de fora nas telonas: o refinadíssimo vocabulário, com uma gramática digna de Pasquale. Pode ser preciosismo da minha parte, mas vejo isso como uma falha tão grave quanto fazer um mestre Yoda que fala normalmente, sem sua peculiar construção de frases.

Então, surge uma premissa boba, mas eficiente para o cinema, para que Thor seja banido para Midgard, a Terra. Aqui rola algo imperdoável. Thor aparece no planeta, mas se comporta como viajantes no tempo de filmes de comédia da Sessão da Tarde. Estranha tudo, acha que está em casa, continua do mesmíssimo jeito que seria em Asgard. Aqui o roteiro perde uma excelente oportunidade de fazer uma remissão de culpa e humildade do deus do trovão, cheia de dramaticidade, e recorre forçar situações cômicas. Nem todas dão certo, e acabam soando demasiadamente forçadas. A cena do copo quebrado na lanchonete não tem perdão. Mas vai lá, o Mjölir cai como se fosse uma Excalibur, depois ganha status de OVNI, e o resto é spoiler. Paralelo a isso, vai se desenrolando a traição de Loki. Não vou nem comentar o que acontece com Odin, pra não estragar o que o leitor pode não ter visto ainda, mas demanda muita condescendência para com o roteiro.

Bom, o que vinha cheio de furos e tentativas de elementos errados na hora errada começa a ganhar credibilidade quando o foco se volta para Loki. Pouco a comentar sobre o roteiro daqui em diante pra não ser ainda mais spoiler do que jamais fui neste blog, cujo objetivo não é só falar dos filmes para quem já os viu. Mas ele amadurece um bocado. Vai ser injusto eu só falar dos elementos ruins do filme, dizer que ele tem pontos positivos, mas não os apontar, mas... é exatamente isso que vou fazer. O que o filme tem de bom não pode ser contado pra preservar o interesse de quem ainda o verá. Termino dizendo que os roteiristas precisavam pensar numa forma mais convincente de fazer o romance (que era completamente dispensável, mas uma vez feito, que ao menos não saísse de um romance feito por algum pré-adolescente) e de fazer o compromisso de Thor com a S.H.I.E.L.D., que soou deveras artificial.

O que este filme tem de especial? Apesar de um roteiro bem melhorável, mesmo para os padrões do cinema de Los Angeles, os elementos técnicos o salvam. Anthony Hopkins não rouba a cena, mas faz um Odin muito bom, o desconhecido Chris Hemsworth interpreta bem as características do herói, e a bela Jaimie Alexander, embora num papel bem coadjuvante como Sif, rouba o posto de Natalie Portman como a musa do filme. Sei que não é unanimidade, mas este que vos escreve pensa assim. Os efeitos especiais são muito bons, como já se havia de esperar de um filme com este orçamento. Destaco as cenas da ponte bifröst, qualquer cena com os gigantes de gelo, e os convincentes movimentos do Aniquilador.

Quando e com quem assistir a esse filme? Devo confessar que conheço pouco das histórias do alter-ego de Donald Blake, mas o filme ignora muitos aspectos do que eu sabia à respeito dele. Como isso é quase uma regra nos filmes adaptados de gibis, não surpreende. Surpreenderia a fidelidade, mas a proposta não é agradar aos leitores, e sim agradar ao grande público, que é quem compra ingressos para ver o filme, e pronto. Neste sentido, se ignorarmos as HQ's, Thor é um bom filme de entretenimento juvenil. Violência, só a habitual de filmes deste gênero. Sexo, inexistente. Como entretenimento, dá pra assistir sem compromisso com qualquer um.


Ficha técnica

Elenco: Chris Hemsworth - Thor

Natalie Portman - Jane Foster
Tom Hiddleston - Loki
Anthony Hopkins - Odin
Stellan Skarsgård - Erik Selvig
Idris Elba - Heimdall
Ray Stevenson - Volstagg
Tadanobu Asano - Hogun
Joshua Dallas - Fandral
Jaimie Alexander - Sif
Rene Russo - Frigga
Clark Gregg - Agente Phil Coulson
Samuel L. Jackson - Nick Fury
Direção: Kenneth Branagh
Produção: Kevin Feige
Roteiro: J. Michael Straczynski, Mark Protosevich, Ashley Edward Miller, Zack Stentz & Don Payne
Trilha sonora: Patrick Doyle
2011 - EUA - 114 minutos - Aventura

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Too big to fail (Grande demais para quebrar)

Tem pinta de documentário pra quem vê a sinopse, ou qualquer comentário sobre o filme, mas é um filme mesmo. Claro, qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Pra quem nunca ouviu falar disso, este longa retrata alguns momentos que pessoas poderosas passaram durante a grande crise financeira do segundo semestre de 2008, nos EUA, que acabou gerando ecos no resto do mundo, e ainda vem os suas consequências.


Sobre o roteiro: A história nos leva a ver como alguns personagens importantes para o panorama global do período tivesse sido como foi. Com mais enfâse no Secretário do Tesouro do governo Bush, e no CEO do Lehman Brothers, à época o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, e que veio a quebrar. O roteiro pressupõe que o expectador já está antenado e informado do que gerou a situação calamitante que o sistema financeiro enfrentava, embora faça uma rápida leitura dinâmica nos fatos e traga uma versão enxutíssima em poucos segundos para contextualizar o público. Uma vez feito isso, a trama se debruça nos pontos que levaram o Lehman Brothers à bancarrota, apesar dos esforços para que isso não acontecesse. Porém, quando se acreditava que isso era inevitável, o governo simplesmente o deixou afundar de vez, para tentar, assim, salvar outros bancos que corriam o mesmo risco. O que os espertões não pararam para pensar, porém, é que, quebrando um dos maiores bancos do mundo, fatores secundários passam a ter uma relevância MUITO maior. A confiança dos investidores é severamente abalada, ao ver que o governo não garante que os bancos são investimentos seguros, e estes param de investir. O cidadão comum começa a sacar dinheiro. As empresas não tem com o que pagar seus funcionários. A bola de neve vai crescendo de uma vez, os problemas vão causando um efeito dominó de proporções galáticas, e todo o sistema financeiro fica por um fio, pronto para ruir comoum castelo de cartas ao vento.

Mas lamentavelmente, alguém tem uma idéia para uma possível solução: Dar aos principais bancos restantes, além de uma formidável soma de dólares de dinheiro público, poderes semi-divinos sobre a economia. Retiram quase todas as regulamentações em nome de uma melhora no cenário. Há quem diga que essa solução foi apontada na falta de qualquer outra, mas... convenhamos: O sistema já está falido há muito tempo. Só estamos percebendo uma tragédia anunciada agora, que não tem mais como se sustentar. O sistema financeiro já quebrou, e os superpoderes que o tesouro americano atribuiu aos bancos servirão apenas para adiar o inevitável (e arduamente desejado) fim do sistema vigente, mas com o custo de que quanto mais tempo levar para isso acontecer, piores serão as consequências.

O que esse filme tem de especial? Primeiramente, a coragem da HBO de o fazer. O filme enfia uma adaga na ferida das falhas brutais cometidas pela economia controlada (ou cujo controle fora delegado) pelos EUA. Os grandes estúdios de Hollywood jamais passariam perto de um projeto tão audacioso e contundente. Ademais, o filme, embora com um linguajar muito técnico e despejando muita informação de uma vez, é capaz de contextualizar o público mais desinformado sobre o que levou a esta crise. Quem não sabe nada sobre isso, pode usar o filme para começar a entender um pouco de como as coisas funcionam. Claro, não poderia deixar de recomendar aqui que se assistam aos 3 documentários Zeitgeist, dos quais vivo falando por aqui, e que, embora não sejam diretamente sobre economia, envolvem muito o tema.
Do ponto de vista técnico, grandes atuações especialmente de William Hurt, Paul Giamatti e de James Woods, mas não limitadas a eles. O filme traz um grande elenco, tanto de nomes quanto de qualidade.

Quando e com quem assistir a esse filme? Não é um documentário, mas recomendo assistir como se fosse. É um filme extremamente denso, carregado de informação, e difícil de assistir, mas é praticamente obrigatório para quem acha que esse tema é importante. E acho que todos deveriam achar importante.

Ficha técnica

Elenco: William Hurt - Henry Paulson
James Woods - Richard Fuld
Paul Giamatti - Ben Bernanke
Topher Grace - Jim Wilkinson
Edward Asner - Waren Buffett
Billy Crudup - Timothy Geithner
Bill Pullman - Jamie Dimon
Matthew Modine - John Thain
Direção: Curtis Hanson
Produção: Ezra Swerdlow
Roteiro: Peter Gould (baseado no livro de Andrew Ross Sorkin)
Trilha sonora: Marcelo Zarvos
2011 - EUA - 98 minutos - Drama

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Fica comigo esta noite

Comédia romântica não é sinal de filme ruim. Tá, é quase sinônimo, mas existem exceções. Como exemplo disso, cito 50 first dates, Mutiplicity, Hitch e Fica comigo esta noite. Um filme curto, sem muita enrolação, divertido (não necessariamente hilário) que serve muito bem a sua proposta.

Sobre o roteiro: Não diria que é imprevisível depois que a idéia é apresentada, mas a premissa original do roteiro é algo criativa e original. Não vou ficar falando muito pra não gerar spoiler, mas pra quem já viu o filme, compartilho aqui minha preferência por algumas cenas, como as tentativas de atropelamento, os diálogos do casamento e do velório com o padre... aliás, os diálogos são um dos principais atrativos da trama. São inteligentes, e muito acima da qualidade média do cinema nacional. Pra quem acha que este é um elemento que pesa muito para definir se o filme merece ou não ser visto, fica minha opinião de que este traz um texto excelente mesmo. Enfim, um roteiro do qual não dá pra se falar muito para não estragar a diversão de quem ainda pretende ver, mas é muito bom.

O que este filme tem de especial? Como eu disse anteriormente, o texto é muito bom, muito bem trabalhado e costurado, para não deixar furos num tema que deixa muito a se explorar. Algumas citações são memoráveis, como "Quem sabe a vida após a morte não é exatamente como cada um pensa que ela é?", além dos já citados diálogos do casamento e do funeral, dão o que pensar, quando não se tem nada em que pensar.

Destaco também as atuações de Alinne Morais (sua linda!), em sua estréia no cinema, e principalmente do ótimo Vladimir Brichta. Gustavo Falcão também faz um personagem muito peculiar, embora pouco apareça. A trilha sonora, quase que apenas repetindo diversos arranjos da música homônima, também merece algum destaque.

Quando e com quem assistir a esse filme? É uma comédia romântica, logo, ideal para assistir a dois. Há uma ou outra cena um pouco mais picantes, mas nada que não seja recorrente em novelas globais. de modo geral é um filme bem leve, e a cena mais violenta é uma mulher jogando água gelada em seu marido. Padrão "Sessão da Tarde" de censura.

Ficha técnica

Elenco: Vladimir Brichta - Edu
Alinne Morais - Laura
Laura Cardoso - Dona Mariana
Milton Gonçalves - Padre
Clarice Falcão - Dona Mariana (jovem)
Gustavo Falcão - Fantasma do Coração de Pedra
Alessandra Maestrini - Sensitiva
Direção: João Falcão
Produção: Diler Trindade
Roteiro: João Falcão, Adriana Falcão e Tatiana Maciel
Trilha sonora: Robertinho do Recife
2006 - Brasil - 75 minutos - Comédia romântica