Outro petardo. Pessoalmente, fui condicionado a gostar mais de filmes com uma narrativa mais objetiva, sem muita enrolação. E, de modo geral, Western é um gênero que adora focar na arma, no bandido, no mocinho, no espectador, na arma de novo, no olhar do bandido, no olhar do mocinho, na mão próxima ao coldre, e por aí vai. É legal pra criar o pesado clima de suspense que o gênero pretende, mas pra quem não é tão paciente, cansa. Neste remake do original de 1957 (que não vi), clássico do gênero, segundo os mais ligados no estilo, o diretor deu uma enxugada no suspense - mas ele ainda está bem presente, apenas sob uma nova perspectiva - e nas cenas que já não tem mais lugar em Hollywood, e fez essa obra-prima.
Sobre o roteiro: Um roteiro eficiente. Contar o filme (embora não o desfecho) não vai estragar a diversão de ninguém. Aqui o diretor preza por aquela coisa de "o importante não é o destino, mas a viagem". Legal é ver como as coisas acontecem. Um fora-da-lei, mais ou menos dentro do estereótipo comum do vilão bandido, é preso, e precisa ser levado para Yuma, no trem das 3:10. Mas se trata de um habilidoso e ardiloso pistoleiro de sangue-frio, líder de um fiel bando ainda mais cruel e assassino. Se faz necessário escoltá-lo até seu destino. E no grupo que se prontifica a cumprir tal missão, está um rancheiro que está devendo até o pescoço, e precisa desesperadamente do dinheiro da recompensa pelo serviço para manter sua fazenda e sua família. E durante a epopéia, é constantemente tentado por seu prisioneiro, que lhe faz ofertas tentadoras para deixá-lo escapar.
Um roteiro recheado de elementos interessantes que fazem deste filme uma das mais gratas surpresas que assisti esse ano. Fiquei até com vontade de ver o original, quando tiver a oportunidade.
O que esse filme tem de especial? Primeiramente, atuações convincentes. Muito convincentes. Especialmente dos atores da capa, Christian Bale e Russel Crowe, e de Ben Foster, que faz um dos mais psicóticos e frios matadores do cinema. Além de um roteiro muito cativante, que só de anunciar o que está por vir no começo do filme já garante nossa atenção. Outro ponto interessantíssimo é a forma que os personagens tem personalidades bem definidas e complexas. Um Ben Wade que adora desenhar, um realmente leal Charlie Prince, um virtuoso, habilidoso e inteligente Dan Evans, com fortes influências de seu passado na guerra civil, entre outras particularidades interessantes. Diria apenas que seu filho poderia ser um pouco menos previsível, e menos bobão, mas nem de longe compromete o filme. E a parte técnica também é muito boa. Direção, trilha sonora, edição, fotografia, cenário, figurino, tudo funciona perfeitamente como deve ser: Convincente e discreta (um filme lembrado mais por ser bem feito do que por ser bom, de certa forma, não deixa de ser um fracasso).
Quando e com quem ver esse filme? Mais um filme com altas doses de violência. Nada Tarantino, é mais do padrão Hollywood para ação mesmo. Só que tem várias e várias cenas disso, afinal, é um western, caramba! No mais, serve muito bem como entretenimento. É um filme cativante, pra lembrar dos personagens depois e ficar na memória (o que considero um dos melhores elogios que um filme pode receber).
Ficha técnica:
Elenco: Russel Crowe - Ben Wade
Christian Bale - Dan Evans
Ben Foster - Charlie Prince
Logan Lerman - William Evans
Peter Fonda - Byron McElroy
Alan Tudyk - Doc Potter
Dallas Roberts - Grayson Butterfield
Gretchen Mol - Alice Evans
Vinessa Shaw - Emmy
Direção: James Mangold
Produção: Cathy Konrad
Roteiro: Halsted Welles, Michael Brandt & Derek Haas
Trilha sonora: Marco Beltrami
2007 - EUA - 122 minutos - Western (remake)
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