quinta-feira, 9 de junho de 2011

1408

Ah, Stephen King... o Pelé do terror, sempre criando histórias interessantes, explorando quase sempre os mesmos elementos e sempre conseguindo surpreender e criar. Porém, infelizmente um filme ser baseado em sua obra não é garantia de que terá a mesma qualidade. Esse, por exemplo, não está entre os melhores. Digo, é muito bom, e tal, mas ao compararmos com os outros filmes inspirados em seus contos, 1408 distoa um pouco. O que não quer dizer que seja um mal filme. Numa comparação pitoresca: o Metallica teve seus álbuns dos anos 90 massacrados pelos fãs. São discos ruins? Nunca! São ótimos. O problema é que nos anos 80 eles fizeram coisas ainda melhores, e ao comparar, a diferença é pertinente. A culpa provavelmente não é de King, talvez de quem fez o filme. Mas a palavra "culpa" não cabe aqui, porque, como disse, é um bom filme.

Sobre o roteiro: Stephen King, lembra?! Terror, sobrenatural, comportamento humano, etc. O interessante é que de certa forma, a estória homenageia seu autor. O protagonista é um autor de livros de terror, que não acredita no sobrenatural. Qualquer semelhança seria mera coincidência?! Voltando ao filme, ele também é um "caçador de mitos", que procura as supostas aberrações para atestar sua autenticidade. E ao ouvir sobre o quarto 1408 de um tradicional hotel, resolve ir checar a história. Aí vem um festivalzinho de clichês, desde o "não faz isso..." "desiste", "eu te ofereço outro quarto", "eu insisto, não entre, é mal-assombrado" entre outras apelações do tipo, sempre rebatidas pelos também costumazes "eu não tenho medo", "é agora que eu quero entrar mesmo", "isso é armação, eu vou desvendar tudo", e por aí vai. E ao entrar no quarto, realmente começam a rolar coisas muito bizarras. Muitos sustos mais clichês ainda, como aquelas coisas de silêncio profundo sendo quebrado por barulhos muito altos,sombras passeando, equipamentos se comportando de forma muito estranha, entre uma ou outra coisa realmente mais criativas. E isso vai gerando um drama psicológico no protagonista, que chega ao ponto de questionar a própria sanidade, e o filme não deixa claro o que está acontecendo, nem como está acontecendo, deixando realmente muita coisa no ar para ser interpretada. Daqui pra frente, só vendo o filme, não vou ser spoiler.

O que esse filme tem de especial? É Stephen King. Então, tudo aquilo que é muito legal nas obras dele estão aqui, como uma assinatura, é sempre fácil identificar uma estória dele. Os efeitos especiais estão ótimos, dando muita credibilidade ao que se passa no quarto, a direção desenvolve bem o clima de apreensão e nervosismo que o filme propõe, os sustos realmente assustam (aquela coisa, a gente sabe que vai acontecer um monte de coisas, mas a surpresa é saber exatamente quando, o quê e como), a trilha sonora age quase que como um elemento da cena, tudo bem feito. Só o roteiro mesmo que fica deixando um pouquinho a desejar, por ser mais previsível do que de costume (no padrão King). As atuações também são bacanas, apesar dos pouquíssimos personagens, deixando John Cusack quase que como o único ator do filme. Enfim, um filme que eu esperava um pouco mais, mas ainda assim é bom.

Quando e com quem assistir a esse filme? O filme é meio perturbador, e tem muitas cenas fortes (é um filme de terror, oras!), então, não recomendo para estômagos fracos. Recomendo pra quem já gosta de coisas do Stephen King, mas não vão esperando uma obra prima dele.


Ficha técnica:


Elenco: John Cusack - Mike Enslin
Samuel L. Jackson - Gerald Olin
Direção: Mikael Håfström
Produção: Lorenzo di Bonaventura
Roteiro: Stephen King (autor do livro)
Trilha sonora: Gabriel Yared
2007 - EUA - 106 minutos - Terror

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