domingo, 19 de junho de 2011

American Beauty (Beleza Americana)

Um bom filme, mas tenho minhas dúvidas se realmente era essa coisa toda merecedora de tamanha badalação na sua época. Já tinha assistido desatentamente a uns 8 anos, e resolvi ver de novo.

Sobre o roteiro: Mais um filme que vem com o objetivo de desconstruir o "american way of life". Um casal de meia-idade, em crise conjugal, e em crise de meia-idade também, uma filha adolescente que odeia os pais, que tem uma amiga que é desejada por todos os meninos de sua idade, e que desperta o interesse do pai dela também, mas é sexualmente a personagem mais recatada na prática, embora viva a dizer o contrário sempre que possível, um vizinho militar reformado veterano do Vietnam, e que tem um filho tratado à rédeas curtas, mas que secretamente é um traficante de drogas. Focando no casal, ele é um homem frustrado em todas as áreas de sua vida: sexual, profissional, como pai, como marido, como amigo, etc. Ela é uma workaholic que passa a trair o marido com outro homem, um corretor de imóveis bem-suscedido. Quase todos os estereótipos de cidadãos dos EUA estão presentes na trama, que aborda as misérias de cada tipo de pessoa que cada um dos personagens principais representam. Aqui eu acho que mora o trunfo do filme: Todos os norte-americanos se identificaram com algum desses personagens. E não tem melhor fórmula de sucesso do que fazer o público se identificar com sua obra.

O que se segue são desfechos já até esperados, embora alguns surpreendentes, principalmente o enigmático final. Mas o foco não é nem tanto no roteiro, é mais em mostrar o quão patética, fútil e vazia de significado é a vida do norte-americano médio. Nesse aspecto, eu imagino que o filme incomoda a quem se encaixa na carapuça.

O que esse filme tem de especial? Não é o primeiro, e não foi o último, mas satirizar com o estilo de vida norte-americano é o maior chamariz para o filme. Fora isso, o filme tem aspectos técnicos bem acima da média. Diálogos interessantes, dramas que fogem um pouco do lugar-comum politicamente correto, uma narrativa que não enche lingüiça, atores muito bons, e definitivamente uma direção de fotografia muito acima da média. Só não dá pra aceitar esse filme levar tantos Oscar no mesmo ano em que tivemos The Matrix, Fight Club, Star Wars - Episode I e The Green Mile, Being John Malkovich, entre outros. Mas o Oscar é só Hollywood, né?!

Quando e com quem assistir a esse filme? Eu evitaria crianças, o filme é pesado tanto em cenas quanto no texto. Também evitaria os frescos pseudo-moralistas. Fora isso, acho que sem maiores reservas. E embora seja um filme com alguma profundidade, não diria que é um filme pra ver sem piscar. Então, só sente pra ver como um drama comum. Mas se for norte-americano, ou morar nos EUA, aí sim acho que o filme tem algo mais. É definitivamente um filme para norte-americanos.


Ficha técnica

Elenco: Kevin Spacey - Lester Burnham
Annette Benning - Carolyn Burnham
Thora Birch - Jane Burnham
Wes Bentley - Ricky Fitts
Mena Suvari - Angel Hayes
Chris Cooper - Coronel Frank Fitts
Direção: Sam Mendes
Produção: Bruce Cohen & Dan Jinks
Roteiro: Alan Ball
Trilha sonora: Thomas Newman
1999 - EUA - 122 minutos - Drama

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