terça-feira, 17 de maio de 2011

End of days (Fim dos dias)

Um filme que eu não deveria ter gostado, mas eu gostei. É bobo, tem consideráveis furos de roteiro, e até cenas dignas de filmes de "terrir", mas ainda tem um saldo positivo.

Sobre o roteiro: De volta ao maniqueismo. O bem é puro e humilde, o mal é sombrio e devastador. Preto e Branco, tudo bem separado. E, no meio, um Schwarzenegger cinza, convencido pelo bem, e tentado pelo mal. A fórmula é a mais besta que existe, mas nesse filme ela ainda funciona, talvez porque pegaram o que mais sintetiza essa pureza de lados: Céu e inferno. E então temos uma profecia do Messias do mal, o legítimo filho do capeta, e a saga de possibilidades que visam impedir o cumprimento dessa profecia. Daí se seguem coisas patéticas típicas de filmes que querem fazer sua história ser convincente, mas se utilizam de mecanismos que são inverossímeis por outro lado. E temos várias daquelas cenas onde as coisas poderiam ser resolvidas facilmente, mas o vilão prefere ficar fazendo um discurso antes de concluir seu objetivo, só pra dar tempo do herói aparecer e estragar tudo. Mas a gente tem que dar um voto de confiança e continuar assistindo, já que não se desiste de ver um filme na metade (tá, se desiste sim, mas só em casos muito extremos, como Brüno, porque é muito nojento, Veronica Guerin, porque transformar uma jornalista em paladina da justiça não dá, entre outras tragédias das telonas). Então, com um pouco de condescendência e boa vontade, continuamos vendo o filme (o que não é nenhum sacrifício sobrehumano). Então, um final muito previsível, mas ainda assim feito de forma interessante.

O que esse filme tem de especial? O filme traz alguma teologia de boteco, mas até útil para pequenas reflexões religiosas. Os efeitos especiais são muito legais, e até a atuação merece algum crédito. Gabriel Byrne faz um "cramunhão" convincente e respeitável, e Schwarzenegger alterna momentos de grande atuação (o que convenhamos, nunca foi o grande ponto positivo dele - salvo por Terminator 2) com momentos bem canastrões, como na cena em que revê sua família (aquilo foi lamentável). Creio ser o melhor filme dessa sua fase na carreira, já que não vimos ele fazer algo bom desde Eraser (que já é o começo da fase negra), até voltar a ser Schwarzenegger de verdade em T3.
Mas creio que o ponto forte do filme sejam mesmo as cenas de ação, bem comuns dos filmes do governador da California. São intensas, e conseguem criar o clima de tensão de alto nível que se espera. Não é um grande filme, mas é algo que creio valer a pena assistir.

Quando e com quem assistir esse filme? Evitem religiosos xiitas, e pessoas que se incomodarão com o tema, que por si só já é meio pesado, e com fortes cenas de violência, como uma pessoa pegando fogo, mutilações, e muito chumbo. E assistam sem grandes expectativas. Vão se preparando apenas para mais um filme do austríaco-americano, que melhora as coisas.

Ficha técnica:


Elenco: Arnold Schwarzenegger - Jericho Cane
Gabriel Byrne - Diabo
Robin Tunney - Christine York
Kevin Pollack - Chicago
Direção: Peter Hyams
Produção: Armyan Bernstein, Bill Borden & Thomas Bliss
Roteiro: Andrew W. Marlowe
Trilha sonora: John Debney
1999 - EUA - 121 minutos - Ação / Ficção religiosa (existe isso?)

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