domingo, 8 de maio de 2011

Megamind (Megamente)

A Dreamworks lançou Shrek, e revolucionou o conceito de "desenho animado é pra criança". Pra começo de conversa, Toy Story e Cassiopéia (não necessariamente nessa ordem) já tinham a muito tempo mudado o conceito de "desenho animado", e Akira é a maior prova de que nem toda animação é infantil. Então, nesse estilo de humor característico dos Simpsons, a mesma obra pode agradar crianças (com entendimento limitado), jovens (com certo entendimento) e adultos (supostamente com a capacidade de absorver todas as idéias). Nesse barco chega Megamind.

Sobre o roteiro: Desconstruir Superman. Quando meu irmão me recomendou o filme, foi isso que ele disse que o filme faz. E é isso que ele fez. Pegue aquele super-herói paladino da justiça, e lhe coloque personalidade e senso crítico, e verá porquê as habilidades físicas dos super-heróis não são tão fictícias quanto os valores éticos, morais e sociais a eles atribuídos. Tire também esse patético maniqueísmo que até hoje nos enfiam goela abaixo (e a maioria esmagadora infelizmente continua engolindo de bom grado - quem é bandido e quem é cidadão "de bem"?), e teremos uma figura mais verossímil, ainda que voando e vindo de outro planeta, o que é muito mais possível do que o Clark de Smallville.
Aqui alguns questionamentos e reflexões são oferecidos. Até onde seu herói é um herói? Até onde seu inimigo é mau? Até onde bem e podem ser separados tão bem quanto o arroz do feijão, ou Ying e Yang? O filme é um convite a rever alguns conceitos filosóficos que nossa sociedade carrega em cada átomo da nossa cultura. Não tanto quanto The Matrix, mas ainda assim, muito mais do que se poderia esperar de um filme supostamente infantil.

O que esse filme tem de especial? Além de tudo que já foi dito sobre o roteiro, cabe citar algumas homenagens que o filme faz, como por exemplo, o momento "Marlon Brando / Don Vito Corleone", citando o fato de Brando ter interpretado Jor-El em Superman, o momento "Miyagi", um vilão chamado Hal (evocando o computador de 2001 - A space odyssey) entre outras menos óbvias ao longo do filme, que o tempo todo ironiza com elementos da história do "Homem-de-aço". Traz também muito Rock 'n roll na trilha sonora, e dá até pra dizer que, embora os mais atentos já saquem desde o princípio o que vai rolar no filme, ainda cabem algumas surpresas que fogem um pouquinho dos clichês Hollywoodianos, e garantem a qualidade do filme. Mas preciso dizer que esperava um pouco mais de personalidade nas dublagens... Brad Pitt, por exemplo, só se nota que era ele mesmo na dublagem se olharmos os créditos, pois não transmite nenhuma de suas conhecidas características como ator para seu personagem do qual fora dublador.

Quando e com quem ver esse filme? Com qualquer um, é filme pra toda a família, e pra toda ocasião. Mas diferentes pessoas vão aproveitar mais determinadas camadas do filme. Who's bad?


Ficha técnica:


Elenco (dubladores no idioma original): Will Ferrel - Megamind
Tina Fey - Roxanne Ritchie
David Cross - Minion
Jonah Hill - Titan / Hal Stewart
Brad Pitt - Metroman
Direção: Tom McGrath
Produção: Lara Breay, Denise Nolan Cascino & Ben Stiller
Roteiro: Alan J. Schoolcraft & Brent Simons
Trilha sonora: Hans Zimmer
2010 - EUA - 95 minutos - Comédia (animação)

2 comentários:

Filippe disse...

Realmente muito melhor do que eu esperava, roteiro bastante original e personagens carismáticos! A trilha sonora é excepcional e o filme ainda conta com as dublagens magistrais do Will Ferrel, Ben Stiller e Brad Pitt!

Denio Coelho disse...

Excelente exposição. Ontem assisti esse aqui na HBO:

http://cinema.cineclick.uol.com.br/index.php/filmes/ficha/nomeFilme/te-amarei-para-sempre/id/16119

Despretencioso, gostei muito como um romance que tem paradoxais viagens no tempo como pano de fundo.