quinta-feira, 7 de abril de 2011

Good bye, Lenin! (Adeus, Lenin!)

Saindo um pouco de Hollywood, embora um filme aparentemente voltado para o público ocidental (se pensarmos no período da guerra fria). Um roteiro interessante que aproveita o contexto para uma história original. Ou pelo menos original para mim. Há quem diga que a idéia foi copiada do "A vida é bela", mas como este eu ainda não vi, não opino. Se alguém já tiver visto ambos e quiser comentar a respeito, seria legal. Aliás, se alguém quiser comentar qualquer coisa por aqui, seria legal também... Ah, não devo deixar de dizer que eu espereva um pouco mais do filme... não pela sinopse, ou do roteiro, e talz, é que realmente era um filme muito aclamado por pessoas do meu convívio que costumeiramente tem um ótimo gosto para cinema. E fiquei esperando ver um filme que inventaria a roda. Não é o caso, mas vale a sentada no sofá. Não é imperdível, mas é muito bom.

Sobre o roteiro: O legal de falar sobre esse filme é que dá pra contar a história inteira, mas ainda assim o filme fica interessante de assistir, porque não é o roteiro que atrai o espectador, mas o contexto. A história prinicpal gira em torno de uma mulher da Alemanha Oriental que sofre um ataque cardíaco e entra em coma, estado no qual ela fica durante 8 meses, período no qual a Alemanha sofre inúmeras mudanças, entre elas a queda do regime socialista do lado Oriental, a queda do muro de Berlin, e a reunificação da Alemanha. Quando acorda, seu caso ainda é grave, e ela precisa se privar de qualquer situação onde possa sofrer emoções fortes. Pensando nisso, seu filho decide levá-la para casa, e tenta esconder as transformações lá fora a todo custo, pois sua mãe era uma socialista convicta, e adorava seu modo de vida, que já não mais existe. Só que não dá pra controlar tudo e todos para evitar algumas falhas no plano. E é nesse cenário que a trama se desenrola.
O roteiro é altamente político e discute o tempo todo a dicotomia do socialismo x capitalismo. Não vou, neste blog, comentar sobre nenhum nem outro, mas o filme claramente mostra, acima de tudo, a chegada do capitalismo na Alemanha Oriental, e como quase todos estão felizes por saírem do "inferno socialista" e terem acesso ao "paraíso capitalista". O filme não é leviano ao ponto de execrar um sistema em benefício da defesa do outro, e mostra que existem pontos positivos e negativos em ambos sistemas, embora seja notavelmente tendencioso a expor aspectos socialistas de acordo com a propaganda Ocidental, e tudo mais, mas ainda assim, não diria que isso chega a comprometer o filme.

O que esse film tem de especial? Metáforas interessantes, e questões reflexivas em relação a importância de valores aprendidos com o tempo, com a família e com a sociedade, e situações muito inusitadas que podem transformar em segundos uma situação hilária em uma situação dramática, e vice-versa. E, tecnicamente falando, o filme é riquíssimo, em questões de fotografia (como a excelente cena em que a estátua de Lenin passa sendo carregada de helicóptero), uma narrativa diferenciada, e aquela inexplicável imagem típica do cinema europeu. Sabe aquela diferença de cores, de definição de imagem, que te fazem perceber, mesmo sem ver nenhuma dica reveladora, exatamente se você está assistido Record, Band, SBT ou Globo? O cinema tem dessas coisas também, e é fácil perceber se um filme foi rodado em Hollywood ou na Europa. Tem essa coisa diferente na imagem, que não sei dizer o que é, mas todo mundo vê.


Quando e com quem ver esse filme? Apesar de supostamente ser uma comédia, o gênero drama se encaixa melhor na descrição do filme, embora o elemento comédia esteja lá também. E não é um filme de fácil digestão, demanda alguma concentração para pegar algumas nuances.  É um filme pesado em termos de conteúdo, mas as cenas são leves. Pode ser assistido com qualquer pessoa que não vai ofender, mas alguns podem não se interessar, ou mesmo não entender o filme.

Ficha Técnica:


Elenco: Daniel Brühl - Alexander Kerner
Katrin Saß - Christiane Kerner
Direção: Wolfgang Becker
Produção: Stefan Arndt
Roteiro: Wolfgang Becker & Bernd Lichtenberg
Trilha sonora: Yann Tiersen & Claire Pichet
2003 - Alemanha - 121 minutos - Comédia / Drama

2 comentários:

mundin rocha disse...

Victor, só por não ser um fiilme americano, pra mim, já é um ponto positivo. Tenho um pouquinho de preguiça de filmes americanos, pois estão quase sempre repletos de maniqueismos bobos. Claro que existem exceções, por exemplo: Little Miss Sunshine. Abração e continue escrevendo.

Victor Coelho disse...

Concordo com o senhor. Só não achei que Little Miss Sunshine seja um bom exemplo... achei o filme superestimado. Mas acho que vou assistir de novo para ter uma avaliação melhor. Não estava prestando muita atenção quando o vi. Um abraço!