Com esse filme, percebi a diferença entre um bom filme e um filme que nunca mais será esquecido, e que recomendaremos pra todo mundo pra sempre: O roteiro. Mas percebi que roteiro bom e filme bom não são sinônimos. Wuthering Heights, de William Wyler, por exemplo, tem um excelente roteiro (o livro homônimo), mas é um dos piores filmes que já assisti. E me surpreende saber que recebeu 8 indicações ao Oscar. Black Swan é o contraponto. Um excelente filme, com um roteiro fraco. Não diria que é uma comparação proporcionalmente válida, mas ainda assim, o roteiro é bobo.
Sobre o roteiro: Clichê. Uma dançarina de ballet que tem que lidar com a pressão de receber o papel mais desejado de sua companhia. E começa a ter surtos psicóticos por isso. Assistindo o filme, somos surpreendidos em vários momentos, não posso negar. Mas não necessariamente uma surpresa legal. Simplesmente foge um pouco do óbvio, e apesar de não acontecerem as primeiras coisas que esperamos, acabam acontecendo a quarta ou quinta coisa que pensamos. Não há quase nada de "Nossa! Essa realmente eu nunca iria imaginar!", e, invariavelmente, só os mais desatentos se surpreenderão com o final. Então é um filme ruim? A resposta está logo abaixo.
O que esse filme tem de especial? A resposta para a pergunta é: Não mesmo. O diretor é Darren Aronofsky. É o 3º filme dele que assisti (os outros foram, respectivamente, The Wrestler e Requiem for a Dream, que já comentei na estréia do blog), e esse filme só reforça a grande competência desse diretor, e farei questão de ver os outros dois filmes dele que ainda não vi. Ele é um dos diretores que realmente trabalha pra fazer o filme ficar bom. Ele coloca as características que realmente transformam o filme em obra de arte. É ele que nos deixa envolvidos na trama, e que nos confunde em relação a o que é real e o que é psicose. A montagem é sensacional, as cenas são muito bem pensadas, é bem legal. O roteiro é previsível e fraco, mas o filme não. Aronofsky, sem dúvida, é a razão para o filme ter feito tanto sucesso. Creio que o Oscar que o filme levou deveria ser de melhor diretor, e não melhor atriz. Mas já digo que não vi The King's Speech para comparar, e nem nenhum dos outros filmes indicados a "melhor atriz", apesar de que a atuação de Natalie Portman realmente ser muito boa. Mas, se fosse pra dar um prêmio da Academia pra ela, deveria ser por Evey, em V for Vendetta. Nesse sim ela foi fantástica. Pena que esse tipo de filme não é lembrado nessas ocasiões, mas quem disse que o Oscar é termômetro de qualidade?!
O filme é muito bom, mas não graças ao roteiro.
Quando e com quem ver esse filme? Tem uma dançarina de ballet e O lago dos cisnes, mas a fragilidade do filme pára por aí. É um filme muito pesado, com muitas cenas fortes e um drama psicológico muito carregado. Não é para mentes fracas. Já quando... não faz tanta diferença.
Ficha técnica:
Elenco: Natalie Portman - Nina Sayers
Vincent Cassel - Thomas Leroy
Mila Kunis - Lily
Barbara Hershey - Erica Sayers
Wynona Ryder - Beth MacIntyre
Direção: Darren Aronofsky
Produção: Ari Handel, Scott Franklin, Mike Medavoy, Arnold Messer & Brian Oliver
Roteiro: Mark Heyman, Andres Heinz e John McLaughlin
Trilha sonora: Clint Mansell (música de Pyotr Tchaikovsky)
2010 - EUA - 108 minutos - Drama
Nenhum comentário:
Postar um comentário