sábado, 2 de abril de 2011

District 9 (Distrito 9)

Dava pra ser melhor... é com essa sensação que a gente fica quando termina de ver o filme. Eles criaram uma idéia e um conceito muito originais e interessantes partindo de clichês sacados, mas fizeram um roteiro que compensa toda a originalidade com mais clichês. Mas ainda assim vale a pena ser assistido.

Sobre o roteiro: Com 3 minutos de filme, já entendemos o contexto: Uma nave alienígena pára sobre Johannesburg, e depois de desistir de esperar algum sinal, o governo decide entrar na nave, e constatar que os alienígenas estão morrendo, de fome e doenças. Então, a MNU (uma ONU do filme) se encarrega de cuidar dos ET's (pejorativamente chamados de camarões, pelos humanos), mas os tratam como lixo. À partir daí, tire os efeitos especiais, aproveite a cidade-palco da história, e reviva o Apartheid. Acrescente o interesse dos humanos pela tecnologia (recursos) dos aliens, e reviva a Guerra do Iraque. Até aqui duas alegorias até bem-feitas e convincentes, mesmo não sendo originais. Mas tem mais um elemento batido e repetido: O protagonista que odeia seus inimigos, até se ver do outro lado. Até tem algumas questões interessantes levantadas sob este cenário, como: Até onde seus valores e sentimentos tem base real além do condicionamento ao qual você foi submetido durante toda a sua vida? Até onde você é responsável pelo seu comportamento quando você é constantemente compelido a manter o padrão? Acho que essas questões são o principal trunfo do filme, ainda que não sejam originais.

O que esse filme tem de especial? O produtor é o Peter Jackson, logo, o foco não foi numa história interessante (pena), e nem em uma "filmagem artística" (pena também) ou edição diferenciada (pena outra vez), mas sim nos efeitos especiais e nos demais elementos Hollywoodianos. Nada contra, achei legal pra caramba, mas isso deveria ser ferramenta para fazer um roteiro se tornar interessante na telona, e não o contrário. E este diretor representa uma safra de diretores que só se preocupam com efeitos e números. Ah, vale a pena citar a narrativa, que também traz um elemento interessante, de tentar transformar uma ficção em documentário, com reportagens e depoimentos o tempo todo, mas mais uma vez o filme peca pelo excesso, e essa narrativa de tentar explicar o tempo todo o que está acontecendo é um ponto negativo. Enfim, a sensação é que o filme deixa o terreno pronto pra um roteiro arrebatador, mas usa uma fórmula já muito explorada. Dá aquela sensação de "é só isso?!". É um drama que fica muito mais como um filme de ação do que como um drama mesmo. E também vale citar que, apesar de ninguém merecer um Oscar, são muito bons os desconhecidos atores do filme.

Quando e com quem ver esse filme? Tire da sala pessoas que não gostam de algumas (não muitas) cenas fortes, como mutação e mutilação, e... é, acho que só. Roteiro sem grandes contra-indicações. Dentro de alguns círculos, o filme até passa por cult, se ninguém ficar com aquela sensação de que já viu essa história antes...

Ficha técnica

Elenco: Sharito Copley - Wikus van der Merwe
David James - Coronel Koobus
Jason Cope - Alienígena Christopher Johnson
Louis Minnaar - Piet Smit
Eugene Khumbanyiwa - Obesandjo
Vanessa Haywood - Tania Van De Merwe
Direção: Neill Blomkamp
Produção: Peter Jackson & Carolynne Cunningham
Roteiro: Neill Blomkamp & Terri Tatchell
Trilha Sonora: Clinton Shorter
2009 - África do Sul / Nova Zelândia - 112 minutos - Ficção Científica

2 comentários:

Fabrino disse...

Uma boa descrição do filme.
Eu, que adoro comprar filmes, comprei esse em uma locadora que estava fazendo uma promoção de vendas...
Até que gostei dele, apesar de passar o tempo todo com a sensação de que vai acontecer algo surpreendente (que não acontece). Está longe de ser meu filme preferido, mas classificaria ele como "bonzinho"...

Fernando disse...

Achei muito interessante a análise. Sempre tive vontade de ver, mas nunca disposição.