Dava pra ser melhor... é com essa sensação que a gente fica quando termina de ver o filme. Eles criaram uma idéia e um conceito muito originais e interessantes partindo de clichês sacados, mas fizeram um roteiro que compensa toda a originalidade com mais clichês. Mas ainda assim vale a pena ser assistido.
Sobre o roteiro: Com 3 minutos de filme, já entendemos o contexto: Uma nave alienígena pára sobre Johannesburg, e depois de desistir de esperar algum sinal, o governo decide entrar na nave, e constatar que os alienígenas estão morrendo, de fome e doenças. Então, a MNU (uma ONU do filme) se encarrega de cuidar dos ET's (pejorativamente chamados de camarões, pelos humanos), mas os tratam como lixo. À partir daí, tire os efeitos especiais, aproveite a cidade-palco da história, e reviva o Apartheid. Acrescente o interesse dos humanos pela tecnologia (recursos) dos aliens, e reviva a Guerra do Iraque. Até aqui duas alegorias até bem-feitas e convincentes, mesmo não sendo originais. Mas tem mais um elemento batido e repetido: O protagonista que odeia seus inimigos, até se ver do outro lado. Até tem algumas questões interessantes levantadas sob este cenário, como: Até onde seus valores e sentimentos tem base real além do condicionamento ao qual você foi submetido durante toda a sua vida? Até onde você é responsável pelo seu comportamento quando você é constantemente compelido a manter o padrão? Acho que essas questões são o principal trunfo do filme, ainda que não sejam originais.
O que esse filme tem de especial? O produtor é o Peter Jackson, logo, o foco não foi numa história interessante (pena), e nem em uma "filmagem artística" (pena também) ou edição diferenciada (pena outra vez), mas sim nos efeitos especiais e nos demais elementos Hollywoodianos. Nada contra, achei legal pra caramba, mas isso deveria ser ferramenta para fazer um roteiro se tornar interessante na telona, e não o contrário. E este diretor representa uma safra de diretores que só se preocupam com efeitos e números. Ah, vale a pena citar a narrativa, que também traz um elemento interessante, de tentar transformar uma ficção em documentário, com reportagens e depoimentos o tempo todo, mas mais uma vez o filme peca pelo excesso, e essa narrativa de tentar explicar o tempo todo o que está acontecendo é um ponto negativo. Enfim, a sensação é que o filme deixa o terreno pronto pra um roteiro arrebatador, mas usa uma fórmula já muito explorada. Dá aquela sensação de "é só isso?!". É um drama que fica muito mais como um filme de ação do que como um drama mesmo. E também vale citar que, apesar de ninguém merecer um Oscar, são muito bons os desconhecidos atores do filme.
Quando e com quem ver esse filme? Tire da sala pessoas que não gostam de algumas (não muitas) cenas fortes, como mutação e mutilação, e... é, acho que só. Roteiro sem grandes contra-indicações. Dentro de alguns círculos, o filme até passa por cult, se ninguém ficar com aquela sensação de que já viu essa história antes...
Ficha técnica
Elenco: Sharito Copley - Wikus van der Merwe
David James - Coronel Koobus
Jason Cope - Alienígena Christopher Johnson
Louis Minnaar - Piet Smit
Eugene Khumbanyiwa - Obesandjo
Vanessa Haywood - Tania Van De Merwe
Direção: Neill Blomkamp
Produção: Peter Jackson & Carolynne Cunningham
Roteiro: Neill Blomkamp & Terri Tatchell
Roteiro: Neill Blomkamp & Terri Tatchell
Trilha Sonora: Clinton Shorter
2009 - África do Sul / Nova Zelândia - 112 minutos - Ficção Científica
2 comentários:
Uma boa descrição do filme.
Eu, que adoro comprar filmes, comprei esse em uma locadora que estava fazendo uma promoção de vendas...
Até que gostei dele, apesar de passar o tempo todo com a sensação de que vai acontecer algo surpreendente (que não acontece). Está longe de ser meu filme preferido, mas classificaria ele como "bonzinho"...
Achei muito interessante a análise. Sempre tive vontade de ver, mas nunca disposição.
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